Mundo ENEM realiza aula inaugural 2015 celebrando 70 anos da libertação dos Judeus presos em Auschwi
- Professor Elton Rigotto Genari (Professor de
- 13 de mar. de 2015
- 3 min de leitura

Para celebrar os 70 anos de libertação de Auschwitz, maior campo de concentração nazista, no último dia 28 o Mundo Enem promoveu, na Faculdade Anhanguera Indaiatuba, uma palestra com Andor Stern, um dos últimos judeus sobreviventes ao holocausto.
O evento foi um sucesso! Entre alunos, professores e convidados, cerca de 300 pessoas marcaram presença e tiveram a oportunidade de compreender a visão do palestrante sobre o mundo passado e o contemporâneo e, também, o valor da liberdade e da vida.
Como descrever o horror de uma guerra? Por mais detalhada que uma narrativa seja, é impossível igualar a experiência vivida. E qual seria a finalidade de relembrar e disseminar esse tipo de experiência? Para Andor Stern, a resposta não é a morte, mas a vida.
Andor Stern, prefere ser chamado de André, sobrevivente ao Holocausto Judeu levado a cabo pelo exército nazista ao final da 2ª Guerra Mundial, é brasileiro de origem húngara. Por questões familiares, foi com a família para Budapeste em 1936. Apesar do antissemitismo crescente, a Hungria era aliada da Alemanha e, mesmo após a invasão da Polônia em 1939 - evento que desencadearia a 2ª Guerra Mundial - a família não acreditava que poderia ser perseguida. Com a expansão alemã, no entanto, foi preso pelos nazistas em 1942. Entre 14 e 15 anos, como a maioria dos jovens saudáveis, André foi separado da família e levado para trabalhar numa das fábricas que produziam os recursos necessários para alimentar a guerra. Posteriormente, a trajetória da guerra o levou para diversos campos de concentração, tanto de trabalho, quanto de extermínio.
Ainda que seu corpo carregue registros da situação aviltante à qual sobreviveu, sua saúde de ferro reflete a própria escolha que ele e outros sobreviventes fizeram: a de viver a vida em plenitude.
Atualmente, André mora com a família na cidade de São Paulo, onde até hoje exerce profissão. Sua energia, porém, não acaba na rotina da capital paulista. Aos 87 anos, André continua viajando pelas cidades, tomando para si a tarefa de museu vivo - de preservar e transmitir a memória histórica, através de sua palestra Lembranças de um campo de concentração¹. Uma de suas paradas recentes foi no Mundo Enem, no último dia 28, quando cerca de 300 pessoas marcaram presença e puderam compreender na palestra o valor da liberdade e da vida.
Ao narrar sua trajetória de vida, André não dá apenas um testemunho de sua experiência. Ele dá um significado a ela. Durante o evento, os presentes puderam perceber um pouco da complexidade da situação: o antissemitismo na cultura e na educação das crianças, a resistência das famílias, a solidariedade de alemães resistentes ao regime, cujo sacrifício salvou a vida de diversos prisioneiros - não só judeus, mas também ciganos, homossexuais, negros. Acima de tudo, tiveram a oportunidade de compreender a visão de André sobre o mundo passado e o mundo contemporâneo e a importância de seu papel na busca por um mundo mais tolerante. Consciente dos desafios e da violência na atualidade, André Stern luta, com seu testemunho, para que holocaustos como o judeu, um dia, não sejam mais realidade. Luta - tomando emprestado um termo caro aos historiadores que trabalham com a memória da Ditadura Militar no Brasil - para que não se esqueça, para que nunca mais aconteça.
¹ É importante ressaltar que os campos de concentração não foram invenção nazista. O termo foi utilizado pela primeira vez para descrever os campos criados pelo Império Britânico na campanha de conquista do território sul africano. Em guerra com os bôeres pelo controle da região rica em diamantes, os ingleses aprisionaram soldados, homens, mulheres e crianças bôeres nesses campos. Incapazes de derrotar forças muito menores que as suas em batalha, os ingleses passaram a realizar a execução em massa dos prisioneiros, forçando o rendimento das tropas bôeres. Esses foram os primeiros campos de extermínio, propriamente ditos, da história. Muitos impérios europeus fizeram uso da tática em suas colônias africanas. Os campos nazistas não eram nenhuma novidade no mundo. Cf. Rothschild's British Concentration Camps. 5 de abril de 2012. Disponível em http://goo.gl/EgsLe4 e WEBER, Mark. "The Boer War Remembered" in The Journal of Historical Review, 1999 (Vol. 18, No. 3), pp. 14-27. Disponível em http://goo.gl/fj99mT. Acesso: 05/03/2015.

Sr. André (dir), recebe abraço fraterno após pergunta realizada pelo professor convidado

Aproximadamente 300 alunos lotaram a palestra no sábado dia 28/02/2015

Momento único na vida desses jovens, conhecer um sobrevivente do Holocausto

Professora e Diretora do Mundo ENEM Mariana B. Correa e Sr. André, palestrante da noite!
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