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Em sociedade que tem Enem, filosofar é preciso!

  • filiphe
  • 18 de mar. de 2014
  • 3 min de leitura

O Enem hoje é a principal porta de entrada para as principais universidades no Brasil e por isso ganha especial atenção nos últimos anos. Nesta toada, vários vestibulares deixaram de existir e muitas universidades adotaram o exame federal como principal critério de avaliação e seleção de estudantes para ingressar em seus cursos. Desta forma, uma boa preparação é imprescindível.



Mais imprescindível ainda é se preparar adequadamente para enfrentar as questões de Filosofia e Sociologia da prova de Ciências Humanas do Enem. A razão é simples: nos últimos três anos a incidência de perguntas dessas disciplinas tem aumentado progressivamente.


Em 2011 foram 6 questões de Filosofia/Sociologia; em 2012 foram 10 questões, e em 2013 apareceram 14 questões de Filosofia/Sociologia na prova do Enem. Levando em conta a interdisciplinaridade e a transversalidade características do exame, estes números podem aumentar, uma vez que alguns temas se confundem na hora de responder Filosofia, Sociologia, História e Geopolítica.


No Enem 2014, se mantiver essa constante aproximada de aumentar suas questões de Filosofia e Sociologia na prova de Ciências Humanas, devem aparecer pelo menos 3 ou 4 reflexões a mais para o estudante que presta o exame, sejam elas diluídas ou não em outros campos do conhecimento.


Mas por que o Enem mudou tanto, ou por que tantas questões de Filosofia e Sociologia – disciplinas que sequer vimos direito no Ensino Médio?


Bem, o primeiro motivo é que em 2008 foi sancionada uma lei que previa a obrigatoriedade de se estudar Filosofia e Sociologia no Ensino Médio – o que era comum ao currículo educacional antes da década de 1970, quando na ditadura militar foram substituídas por outras de caráter mais panfletário (pró-regime) e ufanista, e menos reflexivas como Educação Moral e Cívica e Organização Social e Política do Brasil. A segunda razão, contraditória à primeira, podemos assim dizer, é justamente porque já em 2011 a obrigatoriedade da reinserção de Filosofia e Sociologia no currículo escolar encontrou brechas de flexibilização que procrastinam sua configuração definitiva como matérias únicas e puras. Desta forma, os prejudicados são os alunos que saem do Ensino Médio sem qualquer base de conhecimento filosófico ou sociológico e seus respectivos pensadores – o que, como pudemos ver, pensando numa avaliação de Ciências Humanas do Enem, significa lançar sorte (ou azar) de 1/3 da prova.


Sendo, portanto, o Enem um dispositivo de entrada de todas as universidades federais – assumindo papel total ou parcial do vestibular –, modelo e base para pontuação para tantas outras renomadas públicas e privadas, não há dúvidas de que insistir em questões específicas e minuciosas de Filosofia e Sociologia é uma estratégia para forçar as associações escolares a entender a importância do conhecimento filosófico e sociológico na formação do aluno e cidadão.


Todavia, enquanto isso não é compreendido de maneira ampla pela sociedade, o estudante preocupado em conseguir uma vaga via Enem em uma boa universidade do Brasil não pode mais achar que “dar uma lidinha” em Platão, Kant ou Marx está bom. Como já nos alertou Sócrates, o pai da Filosofia, é preciso reconhecer nossa ignorância e dizer para nós mesmos: “Só sei que nada sei”.


E então, vamos mudar nossa mentalidade? Vamos pensar a sociedade e filosofar?


Juliana Lopes, professora de Filosofia e Sociologia do Curso Pré-Vestibular Mundo Enem, tem formação em História e Filosofia pela Unicamp e mestrado em Teoria e Crítica Literária pela Unicamp e University of Copenhagen.

 
 
 

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